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segunda-feira, 15 de setembro de 2014

Doação de órgãos é demorada


por
Noemi Flores
Publicada em 12/09/2014 20:07:30
“Meu filho teve morte cerebral, doamos todos os órgãos dele, mas levou cinco dias para a retirada. Quando não aguentava mais a espera, o sofrimento, marcamos o enterro e só foi retirada as córneas”, desabafou a dona de casa L.S.S.,  mãe do empresário D.S.S., 33 anos, que foi vítima de uma parada cardíaca.Por outro lado, o coordenador do Sistema Estadual de Transplantes, da Secretaria da Saúde do Estado (Sesab), médico Eraldo Moura, afirmou que toda a doação deve passar por um processo, que muitas vezes pode ser demorado.
Dona L. contou que o filho faleceu no dia 13 de agosto (quarta-feira), após três dias na UTI do Hospital da Bahia,  e foi enterrado no dia 16 (sábado). “Eu e o pai aceitamos doar os órgãos, mas não sabíamos que seria tão demorado e tanto sofrimento para a família.Por isto  decidimos marcar o enterro e não esperar mais. Os avós dele, com 84 e 85 anos, estavam inconsolados com sua morte prematura, toda a família também. Pensava que a retirada de órgãos seria rápido como mostra a televisão”.
A dona de casa enfatiza que é um momento muito difícil: “Sabendo que meu filho não vai retornar nunca mais. Não é fácil doar de pessoas que amamos muito, mas mesmo assim fizemos, pensando em outra pessoa que sofre esperando um órgão. Ele estava no auge da juventude, mas aconteceu isto, não temos nada a dizer contra o hospital porque foi atendido a tempo e muito bem. Só lamento demorar tanto para a retirada dos órgãos”.
A reclamação dela também foi destinada à pessoa que poderia ser beneficiada com um dos órgãos do filho.”Entendo que nosso país seja cheio de problemas. Mas a burocracia é insuportável. Imagina a mãe que está esperando um órgão para que seu filho sobreviva?”, indagou, complementando que não é contra a doação, mas que deveria haver mecanismos que tornassem o processo mais rápido.
Retirada
O médico Eraldo Moura admite que o processo é  sofrido, nada fácil e o mais angustiante na vida dos familiares. Ele explica como é desenvolvido pelas equipes. A doação de órgãos está ligada ao órgão estadual e ao Sistema
Nacional de Transplantes de Órgãos, entidade ligada ao Ministério da Saúde, que visualiza quando é apresentado um doador e verifica a compatibilidade.
Antes da doação, o especialista explicou que em um primeiro momento o médico tem a suspeita da  morte encefálica e avisa a família, o que acredita ter ocorrido com os familiares de D. Já para haver um diagnóstico preciso, o corpo deve ser examinado por dois médicos diferentes e submetido a exame.
“Com este diagnóstico feito não havendo nenhuma ação contra, o médico conversa com familiares. Quando aceito tem que programar para retirar, pois cada órgão tem um tempo para a retirada. Tem que ter um receptor e um serviço hábil para a coleta, principalmente se for em outro estado”, afirmou o coordenador
Mas antes quando confirmada a doação, o médico ressaltou que o morto deve passar por uma série de exames a fim de constatar se não possui alguma doença que tenha riscos, através da coleta de sangue, enviada à Fundação de Hematologia e Hemoterapia da Bahia (Hemoba), que pode levar de sete a oito horas para enviar o resultado .
 “Tem que fazer uma sorologia que é encaminhada ao Hemoba que pode demorar algumas horas , só depois do resultado positivo os órgãos são ofertados em bancos de dados, em primeiro lugar para o estado caso não haja alguém compatível, vai para outros estados do País, que possui 40 a 45 equipes para aceitar as doações. Não posso fazer a retirada sem ter o resultado da sorologia”, esclareceu.
Na fila do transplante
Conforme dados da Associação Brasileira de Transplante de Órgãos (BTO), no primeiro semestre desse ano foi registrada uma taxa de doadores efetivos de 13,5 por milhão de habitantes, distante do objetivo previsto para o final desse ano, que é de 15 doadores por milhão. Na Bahia, existem cerca de 2 mil pessoas em fila de espera por um transplante e foram registradas, de janeiro até último 18/08, 73 doações de múltiplos órgãos, seis a mais que no mesmo período do ano passado.
As doações efetivadas esse ano possibilitaram a realização, entre os meses de janeiro e julho, na Bahia, de 322 transplantes, sendo 197 de córneas, 44 de fígado e 71 de rim.
Com o objetivo de discutir temas relacionados ao processo doação/transplantes de órgãos, técnicas utilizadas, entre outras questões, além de debater e alertar a população, médicos e autoridades políticas, para a necessidade de se implementar a cultura de transplantes na Bahia, acontece entre os dias 25 e 27 de setembro, na sede da Associação Bahiana de Medicina (ABM), o Congresso “Transplante de Órgãos e Tecidos”. O evento é uma iniciativa da ABM, em parceria com a Secretaria da Saúde do Estado (Sesab).
Para o médico Eraldo Moura, a parceria com a ABM na promoção do encontro é uma “iniciativa de extrema importância, para estimular os profissionais da saúde, especialmente os médicos, a se envolverem mais com o tema”. Ainda segundo Eraldo Moura, a Bahia registra baixos índices de doação de órgãos e transplantes, e o apoio da ABM pode contribuir para que o Estado avance cada vez mais no processo de doação/transplante de órgãos.
fonte: Site: Tribuna da Bahia.

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