Procedimento reconstrói um anel de cartilagem no pescoço do paciente chamado cricoide com uma fatia da ponta da omoplata
Quando a norte-americana Sherry Wittenberg foi diagnosticada com um câncer raro na cartilagem cricoide da laringe, os médicos disseram a ela que a única maneira de tratar a doença seria remover as cordas vocais. A operação iria deixá-la incapaz de falar normalmente e exigiria que ela respirasse por meio de um buraco em seu pescoço para o resto de sua vida.
Wittenberg procurou uma segunda opinião no University of Michigan Health System, onde Douglas Chepeha lhe ofereceu uma alternativa - a opção de se submeter a um novo procedimento que, se bem sucedido, lhe permitiria manter sua voz.
A técnica reconstrói um anel de cartilagem no pescoço do paciente chamado cricoide com uma fatia da ponta da omoplata da pessoa.
"O maior desafio é que os médicos nunca conseguiram reconstruir a cartilagem cricoide para que o paciente pudesse respirar por meio dela. A reconstrução tem que ser forte e fina - tem que segurar a laringe e os componentes da laringe juntos, e ainda estar aberto para que o paciente possa respirar por ele", diz Chepeha, diretor de cirurgia microvascular no Departamento de Otorrinolaringologia e de Cirurgia de Cabeça e Pescoço, na UM Medical School.
A ponta curva da escápula de um paciente, ou omoplata, oferece a combinação ideal de atributos, Chepeha explicou. E os vasos sanguíneos que alimentam o tecido da escápula são deixados intactos.
"Tivemos a esculpir este pedaço do ombro dela um pouco e depois colocá-lo em sua via aérea. Quando você faz um transplante de uma parte do corpo do paciente para outra, você não tem o risco de rejeição que teria com um doador externo", disse ele.
Um enxerto de tecido retirado do interior da boca de Wittenberg foi usado para ajudar a reconstruir o forro de sua laringe.
"Nós tivemos que prestar muita atenção aos músculos e à cartilagem que foram anexados ao cricoide. Nós tivemos que retirá-los com cuidado, verificar se tínhamos removido adequadamente o tumor e, em seguida, assim que a ponta da escápula estivesse na posição, tivemos que recolocar os músculos e as cartilagens", disse Chepeha diz.
Em apenas três meses, Sherry conseguiu retornar ao trabalho, com sua voz intacta e livre do câncer de laringe.
"Meu maior medo era que eu não conseguisse falar de novo, voltar a trabalhar. Meu marido é produtor de leite e a agricultura tem sido muito dura estes dias. Eu sabia que precisávamos do meu trabalho. A única diferença é que a minha voz não tem mais o mesmo volume que tinha antes. Eu me sinto como se fosse um milagre. Aconteceu de eu estar no lugar certo com o cirurgião certo na hora certa, disposto a tentar algo que nunca tinha sido feito", disse Wittenberg, 58 anos, de Cement City, Michigan.
Hoje, Wittenberg disse que sua respiração voltou ao normal e que a sua fala está muito próxima ao que era antes da operação.
Fonte :isaude.net
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